facebook_pixel1º lugar no concurso para o Museu Paulista | Projectista

1º lugar no concurso para o Museu Paulista

Data de publicação

Cortesia de H+F Arquitetos

Conhecido o resultado para o Restauro, Modernização e Ampliação do Museu Paulista, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Conheça, abaixo, o projeto completo da equipe escolhida como vencedora, coordenada pelo escritório H+F Arquitetos.

Paisagem Monumental
A perspectiva de intervir sobre o Edifício-Monumento do Museu Paulista, levantou, desde o início, a importância de uma reflexão básica sobre o que constituiria sua monumentalidade.
A identificação dos elementos “Parque” e “Edifício” como peças interdependentes e indissociáveis de uma Paisagem-Monumento conduziu a uma abordagem de projeto onde o foco reside menos nos novos elementos construídos e mais nas novas articulações entre o construído e o não construído existentes.

Argumentos
O conjunto de intervenções propostas não quer ter destaque. O objetivo geral não é impor a face do novo, mas revelar de maneira nova o que já estava lá, por meio de articulações, disposições espaciais e percursos que as intervenções discretamente propiciam. A ênfase dos novos elementos não reside em sua aparência, mas no seu desempenho, no que são capazes de promover, na sua eficácia em dinamizar e potencializar as virtudes das preexistências.
Dois princípios fundamentais das proposições são: o de menor agressão à integridade física e visual do edifício e a possibilidade de reversão dos acréscimos propostos.
O primeiro plano de ações se concentra nas obras para recuperação da integridade física e reabilitação/modernização do Edifício-Monumento, além da criação de um setor novo, complementar e integrado, contendo grande parte dos serviços e áreas necessárias ao pleno funcionamento de um museu contemporâneo. Buscou-se conceber essa ampliação, não como um anexo ou apêndice, mas como um prolongamento subterrâneo do edifício preexistente que, por sua vez, abre a possibilidade de conectar o Museu ao Parque de uma forma mais potente e configura uma nova esplanada de acesso, que se estende até a Rua dos Patriotas.
O Edifício-Monumento foi projetado como elemento de propaganda de um regime, inicialmente da Monarquia, e depois encampado pela República, em um período que São Paulo começava a modificar o seu modo de construir, inspirando-se nos modos de fazer europeus. O projeto trazia em sua concepção estrutural grandes avanços da engenharia da época, encamisados, no entanto, pelos preceitos formais do ecletismo. Revelar essa condição é uma oportunidade que o presente concurso oferece. As intervenções propostas no interior do edifício buscam dar visibilidade a esses elementos estruturais e permitir o acesso público aos seus bastidores, proporcionando aos visitantes uma nova possibilidade de leitura desse momento histórico.
Além disso, as novas circulações possibilitam habitar o vazio conformado pelas fachadas do coroamento da torre central, conferindo conteúdo a um continente até então deserto. A iconografia histórica do museu retrata momentos de apropriações espontâneas desse espaço, revelando um potencial latente que o projeto original não aproveitou. A operação proposta resulta na criação de um terraço-mirante, invisível desde o exterior, a partir do qual se descortina a topografia do Ipiranga, a relação desta com a implantação do edifício e seus desdobramentos através do parque e dos sucessivos elementos que estruturam aquela paisagem.

Cortesia de H+F Arquitetos

Ritual de ingresso
Um dos elementos mais marcantes do Edifício-Monumento é o ritual de ingresso que este propõe: a lenta elevação de cota através da escadaria frontal e rampas laterais; o ingresso ao abrigo do saguão principal e sua floresta de colunas; o descortinamento do grande vazio central iluminado, da escadaria monumental e da figura de D. Pedro I. Desestruturar esse ritual, fazendo com que o público proveniente do novo acolhimento acesse o edifício de uma outra maneira, representaria o sacrifício de uma referência coletiva cuja preservação é fundamental.
A partir dessas considerações, a interligação proposta insere com precisão cirúrgica e interferência mínima um conjunto de escadas rolantes e elevadores em pleno saguão principal. Alinhada ao eixo compositivo central da arquitetura original, esta conexão integra funcional, visual e simbolicamente, o ritual de ingresso original a seu prolongamento subterrâneo, criando um percurso contínuo marcado por contrastes de luzes, linguagens e tempos.

Torre infraestrutural
As principais ações destinadas à modernização infraestrutural e à adequação funcional do Edifício- Monumento foram agrupadas em uma única intervenção: a inserção de uma torre de circulação vertical e serviços (nova escada protegida, elevadores para público e transporte de acervo, conjuntos de sanitários, shafts de instalações e áreas técnicas) no interior da porção sul de seu corpo central, área já bastante descaracterizada e atualmente ocupada por funções de natureza similar.

Essa localização permite alcançar todos os níveis (existentes e propostos) do museu com impacto mínimo na volumetria do conjunto: o leve afloramento da torre sobre o plano da cobertura tem pouca ou nenhuma visibilidade ao nível do solo devido à presença do bosque e aos ângulos possíveis de observação.

Cortesia de H+F Arquitetos

Acolhimento: coração público do Museu
O novo setor de acolhimento, localizado na ampliação sob a esplanada, foi desenhado com a intenção de potencializar a interação entre as atividades públicas previstas no programa.
Ao redor de um amplo saguão central, com vista para as fontes e jardins localizados no parque ao lado, distribuem-se as áreas de atendimento ao público, bilheterias, salas educativas e de uso múltiplo, acessos às exposições e ao auditório, descanso, loja, café e a boca do túnel que realiza a conexão com o Edifício-Monumento.
Ao colocar-se como um aglutinador de atividades públicas, esse espaço possibilita a fricção entre os diferentes tipos de visitantes do museu, os usuários do parque e a população de um modo geral.

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Arquitetos: H+F Arquitetos
Localização: Independence Park - Av. Nazareth, S/N - Ipiranga, São Paulo - SP, Brasil
Equipe Arquitetura e Restauro: Eduardo Ferroni, Pablo Hereñú; Amanda Domingues, Anna Beatriz Ayroza Galvão, Camila Paim, Carolina Klocker, Griselda Kluppel, João Pedro Sommacal De Mello, Joséphine Poirot-Delpech, Levy Vitorino, Michele Meneses de Amorim, Olympio Augusto Ribeiro
Consultores: Arnaldo Ramoska (Instalações), Eduardo Léo Kayano (Climatização), Heloísa Maringoni (Estruturas), Marcos Lima Verde Guimarães (Geotecnia), Nilton Miranda (Bombeiros), Ricardo Heder (Iluminação)
Ano do projeto: 2017